Tudo começa quando Napoleão Bonaparte declara o Bloqueio Continental,
o qual nenhum país europeu poderia comercializar com a Inglaterra.
Desobedecendo a esse bloqueio, Portugal decide a continuar
comercializando com o mesmo.
Quando Napoleão estava pronto para atacar Portugal, a família real e
grande parte da nobreza decide fugir para o Brasil (sua maior colônia)
com a proteção da marinha inglesa. Levam consigo todas as riquezas
portuguesas com eles (deixando o povo totalmente indefeso e abandonado).
A fuga da família real para o Brasil refletiu no processo de
independência do país.
A viagem foi complicada. Estavam em navios veleiros e quase não
chegaram ao Brasil, passando meses em alto mar. O estoque de comida e
bebidas estava chegando ao fim e havia ratos e baratas nos navios
causados pela falta de higiene e transmitiram doenças.
Em 1808, a corte chegou ao porto de Salvador. Os navios foram
abastecidos, permitindo a continuação da viagem rumo ao Rio de Janeiro.
D. João anunciou a Abertura dos Portos em Salvador, acabando com o Pacto
Colonial.
Em 7 de Março de 1808 a corte chegou na baía de Guanabara, no Rio de
Janeiro, porém o desembarque ocorreu somente no dia seguinte. Os
brasileiros, que esperavam ansiosamente pela corte, ficaram
decepcionados ao vê-los em uma situação precária: D. João era um homem
muito gordo e se cansava rapidamente, o príncipe era medroso, Carlota
Joaquina era uma mulher feia e a Rainha Maria I era louca.
Nesta época, o Rio de Janeiro era uma cidade muito suja, infestada de
ratos. Os problemas eram a umidade, a sujeira e a falta de bons modos
dos moradores. Como diz no livro "A limpeza da cidade estava confinada aos urubus".
Era uma cidade barulhenta e movimentada, com grande quantidade de
negros, os escravos dominavam a paisagem nos feriados e nos fins de
semana.
No Brasil, surgiu uma forma de escravidão chamada "sistema de ganho",
o qual aqueles escravos que, após fazerem as atividades nas casas dos
senhores, iam para a rua em busca de atividade suplementar. Eles faziam
de tudo: buscavam água, removiam lixo, traziam recado...
No Rio de Janeiro não havia médicos formados e tinha muita doença,
então, a chegada da família real trouxe muitos benefícios à cidade, o
saneamento, a saúde, a arquitetura, a cultura, entre outros.
Príncipe regente e depois rei do Brasil, D. João tinha medo de siris,
caranguejos e trovoadas. Durante tempestades no Rio de Janeiro, ficava
escondido em seus aposentos. Quando foi picado por um carrapato, ao
inflamar ficou com febre e o médico recomendou um banho de mar, D. João,
com medo de caranguejos, mandou encherem uma banheira com água do mar.
Quando a corte chegou ao Brasil, estava falida e necessitada.
Atravessaram entre 10 mil e 15 mil portugueses com D. João. Era uma
corte cara, que gastava sem controle e sem juízo. Mas onde se acha tanto
dinheiro para bancar tanta gente? Primeiramente foi feito um empréstimo
na Inglaterra de 600 mil libras esterlinas. Esse dinheiro foi gasto com
a viagem e gasto com a corte ao chegar no Rio de Janeiro. Dívida que
seria deixada ao Brasil depois da Independência. Outra medida foi a
criação de um banco estatal para emitir moeda, o Banco do Brasil.
D. João precisava do apoio financeiro e político da elite rica. Para
consegui-la iniciou uma farta distribuição de honrarias e títulos de
nobreza. Parte da nobreza se tornou acionista do Banco do Brasil e foi
criada no Brasil por D. Pedro. De festas, musicais, cerimônias, nada se
comparava ao beija-mão. Era o momento o qual do qual o rei e a família
real abriam o palácio para que os súditos beijassem suas mãos,
prestassem suas homenagens e fizessem qualquer pedido ou reclamação.
Em 1810, D. João assinou um tratado especial com o governo inglês que
concebia a abertura dos portos ao Brasil, ou seja, o fim do pacto
colonial. Com a abertura dos portos, dava vantagens à entrada de
produtos ingleses no Brasil. Chegava de tudo, até patins de gelo,
pesadas mantas de lã. Isso se dava pelo fato do Bloqueio Continental. Já
que a Inglaterra não poderia comercializar com os outros países,
despachava tudo no Brasil.
No dia 10 de março de 1808, D. João dava início a uma reforma no
Brasil, que criaria estradas, escolas, fábricas... O território do
Uruguai que estava sendo ocupado por D. Pedro desde 1817, se tornou
independente em 1828.
Viana, novo agente civilizador do Rio de Janeiro determinou que as
janelas das casas que antes eram de madeiras, passariam a ser vidraças.
No começo do século XIX, a colônia brasileira era o último grande
pedaço habitado do planeta ainda inexplorado pelos europeus que não
fossem portugueses.
Entre 1807 e 1814, Portugal e Espanha foram para Napoleão o que o
Vietnã seria para os Estados Unidos. Anos depois, quando Napoleão estava
exilado na ilha de Santa Helena, este registrara em suas memórias: "Foi
(a guerra espanhola) o que me destruiu. Todos os meus desastres tiveram
origem nessa só fatal.
Por fim, o ano de 1818 é considerado o mais feliz de toda a temporada
de D. João VI no Brasil, o Reino estava em paz e a ameaça de Napoleão
tornara-se apenas uma memória distante. Mas durou pouco tempo, Portugal,
abandonado, se revolta, reivindicando a volta de D. João. Disposto a
voltar, D. João deixa seu filho, Pedro de Alcântara, para futuramente
governar o país. D. João perdeu o Brasil para sempre, a prova disso foi a
Independência em 1822.2
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