A história da conquista do Everest - 1933
Passaram-se
oito anos até o Dalai Lama conceder nova autorização para escalar o
Everest, mas com uma condição: todos os membros da expedição deveriam
ser britânicos. Assim, uma nova tentativa só voltou a ser realizada em
1933. Liderada por Hugh Ruttledge, comissário da administração britânica
na Índia, com 48 anos, estava bem mais preparada do que as anteriores.
Possuíam rádio e, do acampamento III para o acampamento IV, até uma
linha telefônica, utilizada pela primeira vez no Himalaia.
Integravam
o grupo os veteranos Colin Crawford, que estivera no Everest em 1922,
quando sobrevivera a uma avalanche, e E. O. Shebbeare, da equipe de
1924. E surgiam novas estrelas no alpinismo, como Eric Shipton, Percy
Wyn-Harris, Laurence Wagner e Francis Smythe.
A equipe era
altamente qualificada, mas o mau tempo impediu que os acampamentos
intermediários fossem montados dentro da programação prevista. Mesmo
assim, eles igualaram o recorde de Edward Norton, subindo sem oxigênio
complementar.
Wyn Harris e Laurence Wagner partiram do acampamento VI, a 8.353 metros,
e encontraram a machadinha de gelo de Andrew Irvine 250 metros abaixo
do primeiro escalão.
Eles continuaram subindo pelo que nomearam
canaleta Norton, parando a 15 metros acima da Franja Amarela. Passava do
meio dia, e o cume estava a quase 300 metros acima deles. Calcularam
necessitar mais quatro horas. Estavam exatamente onde chegara Edward
Norton em 1924. Resolveram descer. Nos dias seguintes Francis Smythe
chegou à mesma altitude antes de desistir, atacado por fortes
alucinações. Sua exaustão psicológica era tão grande, que imaginava
estar escalando em companhia de outra pessoa, quando na verdade estava
sozinho.
Desistiram. Enterraram a sobra do suprimento e desceram.
No dia 7 de junho todos os membros da expedição estavam no
Acampamento-base para iniciar seu regresso a Darjeeling.
Algumas
instituições britânicas, como a Sociedade Geográfica Real e o Clube
Alpino, consideravam o Everest sua propriedade, desencorajando as
tentativas feitas por outros que não pertenciam aos seus quadros. Assim,
não ficaram nada satisfeitos quando, em 1933, o aventureiro Maurice
Wilson, um excêntrico oficial reformado do Exército Britânico, anunciou
que escalaria o Everest sozinho.
Ele pretendia pilotar um avião até o Tibete, fazer uma
aterrissagem forçada na encosta do Everest e seguir a pé até o cume.
Apesar
de não entender nada de alpinismo nem de aviação, ele comprou um
pequeno avião de asas de lona e viajou da Inglaterra para a Índia, via
Cairo e Teerã. Chegando em Purtabpore e não tendo recebido permissão
para sobrevoar o território nepalês, vendeu o avião por quinhentas
libras e seguiu por terra até Darjeeling, onde recebeu a notícia de que
não lhe fora concedida licença para entrar no Tibete.
Em março de
1934, Maurice Wilson contratou três sherpas, disfarçou-se de monge
budista e, desafiando o poderoso Império Britânico, caminhou 500 km
através das florestas do Sikkim e do ressequido platô tibetano, chegando
à geleira Rongbuc Oriental, no Everest, em 14 de abril. Um mês depois
havia atingido o topo da geleira, a 6.400 metros de altitude, onde
encontrou um estoque de comida e equipamentos deixados ali pela
expedição britânica do ano anterior.
Confiante e bem alimentado, o
inglês subiu sozinho até o Colo Norte, a 6.919 metros, onde foi
impedido de continuar devido à existência de um penhasco de gelo
interrompendo o caminho. Mas ele havia decidido não voltar para casa sem
escalar o Everest, e não voltou mesmo.