domingo, 7 de dezembro de 2014

A história da conquista do Everest - 1865


O Pico XV, embora ostentando o título de mais alta montanha da Terra, ficou sem nome ocidental até 1865. O critério utilizado na época para a nomeação das montanhas era manter seus nomes nativos.

Os primeiros mapas conhecidos da região, feitos por volta do ano 1700, davam ao tal Pico XV a denominação de Tschoumoulancma. Mas Andrew Waugh, resolveu quebrar esta regra e chamar o Pico XV de monte Everest, em homenagem ao seu predecessor no cargo, George Everest, responsável por grande parte do trabalho de medição feito no Himalaia.

A proposta encontrou muita resistência nos meios acadêmicos londrinos. O próprio George Everest tinha como regra batizar as montanhas com seus nomes locais. Mas todos concordavam que Pico XV era pouco significativo para identificar o ponto mais alto da Terra.

E como o Nepal não tinha um nome para sua montanha, a Sociedade Geográfica Real acabou oficializando a sugestão do topógrafo-geral. E o mais alto obelisco do planeta passou a chamar-se monte Everest. A sugestão foi logo adotada em todo o Ocidente, embora os tibetanos e sherpas continuassem chamando sua grande montanha pelos nomes que vinham usando desde o século XVIII.

Os tibetanos a chamavam Chha-mo-lung-ma, como era conhecida pelos chineses, mas traduzido como Qomolangma ou Chomolungma, também usado pelos sherpas.

Sendo difícil de se fazer uma tradução mais acurada, passou-se a aceitar como significando “Deusa mãe do universo”, embora os sherpas às vezes o traduzam como “Lar da deusa do vento”. Ou “Lar do deus – ou deusa – que protege as mães”.

O nome nepalês, por sua vez, foi uma criação ainda mais recente do que o Everest dos britânicos. Eles o chamam de Sagarmatha, com diversas traduções: “Parte que toca o céu”, “Cabeça no céu”, “Cabeça acima de todas as outras” ou mesmo “Oceano de existência”.

As poderosas lentes dos teodolitos gigantes dos agrimensores britânicos haviam identificado o Everest, mas nada mais se sabia a seu respeito. Além de uma certa latitude, para os ocidentais havia apenas um vácuo geográfico. Os mapas topográficos continham grandes espaços em branco. Ou estavam rabiscados com linhas fantasiosas.

Na verdade, a grande montanha ainda pertencia ao mundo da imaginação. O Himalaia continuava um mistério a fascinar os grandes aventureiros. Os homens intrépidos do planeta sonhavam com a possibilidade de voltarem aos tempos em que a humanidade partira em busca de novas terras e mundos imaginários.
Durante vinte anos os ingleses tentaram de todas as maneiras possíveis cruzar as fronteiras políticas e naturais que os separavam do Everest. Planos mirabolantes e estratégias secretas foram postas em prática para chegarem aos territórios proibidos.

Alguns indianos, vindos de diferentes partes do país e que tinham semelhanças físicas com os nativos de ambos os lados da montanha, foram submetidos a um longo treinamento pelos oficiais J.T. Walker e T.G. Montgomerie. A idéia era criar um pequeno grupo de agentes secretos, capazes de cruzarem as fronteiras sem serem detectados.

Os agentes secretos do Instituto Topográfico da Índia se disfarçavam de peregrinos ou mercadores. Treinados para usarem sextantes e habilitados a medirem a altitude a partir do ponto de ebulição da água, eles penetravam no território vazio medindo a distância pelo número de passos que davam, marcados em um rosário budista. E as anotações iam sendo guardadas dentro dos cilindros de orações, dos cajados e dos amuletos religiosos ocos.

Alguns voltaram anos mais tarde sem uma única informação. Outros foram roubados ou feitos prisioneiros. E muitos simplesmente desapareceram no ar rarefeito. Mas teve quem obtivesse sucesso. O espião conhecido como Nain Singh chegou até Lhasa, e o lendário Hari Ram saiu de Darjeeling, cruzou o Nepal e chegou a Shigatse, no Tibete, explorando muitas montanhas ao redor do Everest.

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