sábado, 14 de fevereiro de 2015

BREVE HISTÓRIA DO MONTANHISMO

Os europeus diriam que foi em 1786, com a conquista do Mont Blanc (4.808m), ponto culminante dos Alpes, na fronteira França - Itália. Mas, dependendo do que se considera montanhismo, pode até ter sido antes. Aliás, boa pergunta: o que se define por montanhismo? É quando se escala apenas por puro prazer e realização pessoal, ou também quando se é movido por razões religiosas, científicas, econômicas ou até militares?
Estátua de Saussure e Balmat com o Mont Blanc ao fundo Chamonix, França. Foto dos autores.Alguns historiadores consideram a ascensão do poeta italiano Francesco Petrarca ao Mont Ventoux (1.912m), na França, em 24 de abril de 1336, como a primeira ascensão documentada de uma montanha com fins puramentes pessoais – no caso, para fazer reflexões filosóficas -, sem desejo de conquista ou exploração. Petrarca descreveu com tanta riqueza de detalhes a beleza e os mistérios de sua jornada, que acabou sendo chamado de Pai do Alpinismo. Dois anos antes dele, em 1334, o filósofo Jean Buridan já havia feito o cume do Ventoux, a fim de buscar argumentos cosmológicos para seus escritos. Pouco depois, em 1358, Boniface Rostario d’Asti fez o cume do Rochemelon (3.557m), na região do Piemonte, Itália, que acabou se tornando local de peregrinação. Esta foi a primeira ascensão conhecida de um cume com mais de 3.000m nos Alpes. Mas, para outros estudiosos, foi Antoine de Ville quem fez o primeiro cume que de fato envolveu escalada, indo além de uma simples caminhada de altitude, ao chegar ao cume do Mont Aiguille (2.087m), no maciço do Vercors, também na França, em 26 de junho de 1492. De Ville, no entanto, não escalou por motivação estritamente pessoal, já que o fez a mando do rei de França, Charles VIII.
O que faz esta primeira escalada ao Mont Blanc ser considerada como o marco zero do montanhismo é que, antes dela, nada mudara no mundo em função das ascensões conhecidas, já que elas não geraram nenhum movimento. Até então, só o vento, os dragões e os deuses reinavam nas alturas. Após o Mont Blanc, as montanhas deixaram de ser reinos terríveis, onde ninguém sobrevivia, nem mesmo por uma só noite, e passaram a ser exploradas e conhecidas de fato.
O Mont Blanc (4.808m) é o cume central na foto. A primeira ascensão foi feita pela crista à direita do grande glaciar que se vê ao centro. Foto dos autores.A revista espanhola Desnível, em seu editorial da edição de número 1422, define bem este movimento: “A partir de 1786, nada mais parou a busca da beleza que existe nas montanhas. A primeira ascensão ao Mont Blanc foi um grito no cume, cujo eco se estendeu por todo o mundo e que trouxe em seguida novas ascensões. Calou-se ali onde estavam preparados para entendê-lo”. E continua: “As repetições ao Mont Blanc e primeiras ascensões a cumes alpinos mais acessíveis, deram passo a objetivos mais desafiantes. Mas, acima de tudo, veio algo muito mais importante. Então, e não antes, se desencadeou um movimento que trouxe consigo um universo cultural próprio. Graças a ele, o alpinismo mundial se encheu de grandes obras pictóricas, literárias, fotográficas e cinematográficas”. 
O Mont Blanc não é a montanha mais alta da Europa, pois perde em altura para o Elbrus (5.642m), nos Cáucasos ocidentais, na Rússia, mas é a mais alta de todos os cumes vizinhos, que formam o epicentro do movimento alpinístico mundial. 
O século XIX
Aiguille du Midi (3.800m) em Chamonix, França. Foto dos autores.
Ao longo do século XIX, o Mont Blanc passou a dividir as atenções com outras montanhas dos Alpes, mas mesmo assim continuou sendo palco de realizações históricas. A primeira ascensão feminina ao Mont Blanc, por exemplo, aconteceu em 1808. 
O alpinismo, na primeira metade do século XIX, teve forte motivação científica. A alta montanha era um universo absolutamente novo, que despertava a curiosidade de pesquisadores dos mais diversos campos do saber. Depois, a partir de 1850, o alpinismo deixou a aura científica e passou a ser visto e praticado como um jogo, um esporte. Foi aí que ele viveu o que ficou conhecido como os anos dourados do alpinismo. Tomados de uma verdadeira febre ascensionista, alpinistas europeus, mas especialmente ingleses, passaram a conquistar todo e qualquer cume virgem. Para se ter uma idéia, somente nos Alpes, entre 1863 e 1865, foram registradas primeiras ascensões de mais de 100 cumes principais.
O Matterhorn (4.478m), também conhecido como Cervino, entre a Suíça e a Itália. Foto Andreas Roth.Também nesta época dourada e de grande efervescência surgiu entre os alpinistas o interesse em se reunir e organizar, o que levou à criação de inúmeros clubes e associações. Em 1857, foi fundado em Londres o primeiro clube de montanha da história, o The Alpine Club. Logo depois surgiram os clubes alpinos austríaco, suíço, italiano e alemão. Em 1874, foi fundado o Club Alpin Français, que apenas um ano depois já contava com mil sócios. Foi o britânico Albert Frederick Mummery, porém, quem criou as bases do alpinismo moderno, no final do século XIX. Com o tempo, já conquistados os cumes ainda virgens, a graça do jogo passou não mais a se escalar um cume pela primeira vez, mas sim alcançá-lo pelo seu lado mais difícil e desafiador. A mudança de mentalidade exigia novos materiais, foi então que surgiram os primeiros antecessores dos piolets e grampões, e quando se começou a usar cordas nas escaladas com o objetivo de proteger os escaladores.
Até o final do século XIX, várias dezenas de montanhas haviam sido conquistadas, não só nos Alpes, mas também em outras partes do planeta: em 1865, o Matterhorn (4.478m) - Cervino, para os italianos -, na divisa Suíça-Itália; em 1880, o Chimborazo (6.310m) no Equador; em 1889, o Kilimanjaro (5.895m), na África, e o Aconcágua (6.959m), em 1897, na Argentina. Tais ascensões difundiram o termo alpinismo pelos quatro cantos do mundo, tornando-o sinônimo de montanhismo, apesar dele ser originalmente um termo regional, assim como andinismo e himalaismo.
As Primeiras Manifestações de montanhismo no Brasil**
Não podemos fixar uma data para o começo do montanhismo no Brasil, muito menos achar a paternidade, porque nada disso aconteceu. O montanhismo brasileiro simplesmente apareceu de forma natural entre os séculos XVIII e XIX e evoluiu por conta dos próprios brasileiros e também dos imigrantes. 
As primeiras atividades nas montanhas brasileiras foram realizadas por garimpeiros e caçadores, e ainda não sabemos nada com relação aos nossos índios. Os jesuítas, muitos deles imigrantes, também já se aventuravam pelos topos das nossas montanhas em 1.700. Por exemplo, o Pico do Papagaio (2.293 m), situado Aiuruoca (MG), já era visitado por jesuítas e pelos escravos em 1726. Os picos da Serra do Caraça (MG), como Inficionado (2.068m), Sol (2.072 m) e Carapuça (1.909m), provavelmente foram subidos pelos jesuítas entre 1770 e 1780. E os topos de outras montanhas mineiras, entre eleas o Itambé (2.044 m) e Itacolomi (1.620 m), provavelmente já foram visitadas ao longo do século XVIIII pelos jesuítas, garimpeiros o caçadores. 
Em 1763, as pessoas já iam pelo menos até a base das Agulhas Negras (áreas próxima onde fica hoje o abrigo Massenas), porque o primeiros registro de neve no Brasil veio de lá e foi naquele ano. Aliás, ninguém sabe ao certo quem e quando o Pico das Agulhas Negras (2.791 m) foi subido pela primeira vez, sabe-se apenas que as primeiras tentativas conhecidas foram feitas em 1856, por José Franklin da Silva (Massena) e colaboradores. Porém, o crédito é dado a Horácio de Carvalho e José Borba que, segundo relatos, chegaram ao topo em 1898”. Todavia, o ponto culminante das Agulhas Negras só seria alcançado em 1919, por Carlos Spierling, Oswaldo leal e João Freitas. 
Neste mesmo século (XIX), o Pão de Açúcar entra em destaque na história do montanhismo nacional. A primeira ascensão conhecida, em 1817, foi atribuída à inglesa Henrietta Carsteirs. Em 1851, 1877 e 1899, várias pessoas, estrangeiras e brasileiras escalaram o Pão de Açúcar e posteriormente as subidas se tornaram freqüentes. As primeiras ascensões tiveram uma certa conotação nacionalista, mas posteriormente passaram a ser manifestações puramente esportivas. Poderia ter nascido aí o montanhismo brasileiro, porque depois de várias outras montanhas foram subidas pelo mesmo propósito, o de aventura esportiva. 
A Pedra da Gávea (842m), também na Cidade do Rio de Janeiro, foi subida antes de 1828 e na década de 1920, a via de acesso era considerada uma escalada técnica, como relata a Ata da primeira excursão oficial do Centro Excursionista Brasileiro, fundado em 1919. (...) O problema é que não há registro histórico das primeiras ascensões de algumas de nossas montanhas. De qualquer forma, varias outras de dificuldade técnica igual ou inferior à Pedra da Gávea e o Pão de Açúcar foram subidas em alguns estados brasileiros, por exemplo:
  • A Pedra do Sino (2.263m), em Teresópilos (RJ), foi subida pela primeira vez pelo escocês George Gardner e dois mateiros de Teresópolis, em 1841;
  • O Pico da Bandeira (2.891m), Minas Gerais, foi subido em 1859 a mando de Dom Pedro II (mas é possível que tenha sido subido antes);
  • O Pico Olimpo (1.539 m), na Serra do Marumbi (PR), foi escalado em 1879 pelo Joaquim Olimpio de Miranda e colaboradores;
  • O Monte Roraima (2.723 m) em 1884, pelo inglês Everar Im Thurm;
  • O Pico Forno Grande (2.039 m), situado no Estado do Espírito Santo, foi subido em 1908 pelos irmãos Agostinho e colaboradores
O Dedo de Deus é o símbolo do montanhismo brasileiro, não só pela sua beleza e imponência, como por sua história que, de acordo com a maioria dos montanhistas, marca o início da escalada técnica (alpinismo) no Brasil, fato que aconteceu em grande estilo e foi realmente um marco importante e de repercussão internacional. Um evento que bastante divulgado à época e com enorme apelo popular. E tudo aconteceu em 1912.
** Baseado no livro Montanhismo Brasileiro, Paixão e Aventura de Antonio Paulo Faria, 2006, p. 64 a 67.
O Pão de Açúcar
Face nordeste do Pão de Açúcar, RJ - Brasil. Foto dos autores.No Brasil, até o século XVIII, algumas montanhas já haviam sido escaladas. Porém, tais ascensões, realizadas principalmente por bandeirantes, tinham caráter exploratório e não ficaram registradas. No início do século XIX, mais precisamente em 1817, foi registrada a primeira ascensão ao cume do Pão de Açúcar (396m), no Rio de Janeiro. A inglesa Henrietta Carsteirs, aos 39 anos, aventurou-se pela rocha e fincou a bandeira de seu país no topo. Quem sabe o eco do Mont Blanc havia chegado às terras tupiniquins? Talvez ela tenha sido influenciada pela primeira ascensão feminina ao Mont Blanc, em 1808. Mas isso é apenas uma suposição.
Pedra da Gávea, RJ - Brasil. Foto dos autores.O certo é que esse acontecimento causou certa agitação na cidade do Rio de Janeiro, seja pelo seu cunho de audácia ou por despertar sentimentos nacionalistas nos colonizadores portugueses. Motivado por esse sentimento, no dia seguinte ao feito de Carsteirs o soldado lusitano José Maria Gonçalves chegou ao cume do Pão de Açúcar. Lá, trocou a bandeira do Reino Unido pelo Pavilhão Real Português.
Agulhas Negras, RJ - Brasil. Foto dos autores.

Neste mesmo século, outras montanhas viriam a ser conquistadas no Brasil. Em 1824, D. Pedro I acompanhou pessoalmente a abertura de uma trilha até o cume do Corcovado (704m), também no Rio de Janeiro. Em 1828, já eram registradas ascensões à Pedra da Gávea (842m). Em 1841, foi atingido o cume da Pedra do Sino (2.263m), em Teresópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1879, o Monte Olimpo 

O Dedo de Deus
A conquista do Dedo de Deus foi realizada pela face oposta à que se vê na foto. Foto dos autores.O dia 8 de abril de 1912, no entanto, marcou definitivamente o início do montanhismo no Brasil, exatamente como a ascensão do Mont Blanc havia decretado o início do alpinismo, quase 126 anos antes. Neste dia, um grupo de teresopolitanos chegou ao cume do Dedo de Deus (1.675m), na Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Antes, alemães já haviam tentado escalar a montanha, mas foram vencidos pelo difícil acesso e pelas diferenças em relação ao tipo de rocha a que estavam acostumados na Europa. Este fracasso e a presunçosa afirmação posterior dos alemães, de que, se eles não conseguiram conquistar o Dedo de Deus, ninguém mais conseguiria, foi o que motivou José Teixeira Guimarães a escalar a montanha. Ferreiro pernambucano radicado em Teresópolis, ele foi acompanhado na empreitada por Raul Carneiro, um caçador local que serviu de guia aos alemães pelas matas da serra, e os irmãos Alexandre, Américo e Acácio de Oliveira.
Foram ao todo sete dias acampados na base da montanha. Para vencê-la, Teixeira e seus companheiros fixaram grampos como proteções no granito, além de grossas varas de bambu, munidas de degraus, para vencer os trechos mais lisos da parede. Também subiam nos ombros uns dos outros para conseguir ganhar altura. Por sorte, muitos trechos da via de conquista contam com chaminés, o que facilita a ascensão.
Foi assim, com muita criatividade e suor, que eles conseguiram atingir o cume, sendo recebidos depois como heróis e com muita festa em Teresópolis. Até mesmo o então presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, tomou conhecimento do feito e mandou um telegrama de congratulações. Foram necessários quase 20 anos para que o Dedo de Deus voltasse a ser escalado. Porém, antes disso, em 1919, houve um segundo fato de extrema importância para o montanhismo nacional: a fundação do primeiro clube excursionista da América do Sul, o Centro Excursionista Brasileiro (Ceb), no Rio de Janeiro.
Leia mais sobre a conquista do Dedo de Deus aqui.
A Serra dos Órgãos

No Brasil, na década de 1930, o grande palco para os escaladores foram as belas montanhas da Serra dos Órgãos, na região serrana do Rio de Janeiro. Sobre esse período, Waldecy Lucena, no livro “História do Montanhismo no Rio de Janeiro” (Editora Publit), escreveu: “Os anos 1930 foram gloriosos em termos de aprendizado e novas conquistas. Passada a fase de amadurecimento, que se deu nos anos 1920, os excursionistas, principalmente do Ceb, deixaram para trás as montanhas de ascensão mais fácil e passaram a explorar as mais ousadas”.
A via normal do Nariz do Frade (Serra dos Órgãos, Teresópolis). Foto Antonio Paulo.Em 1931, o Escalavrado e o Cabeça de Peixe foram subidos pela primeira vez e, no ano seguinte, foi aberta a Travessia Petrópolis-Teresópolis. Em 1933, o Nariz do Frade foi escalado por teresopolitanos e, em 1934, o casal Wilfred e Sylvia Bendy chegaram pela primeira vez ao topo do Dedo de Nossa Senhora. Também em 1931, após várias tentativas, foi realizada, 19 anos depois, a primeira repetição do Dedo de Deus, por Richard Brackmann, Otto Hartmann e Karl Siegel. A foto deles no cume foi estampada na primeira página do jornal O Globo, e não deixa dúvidas quanto ao êxito da empreitada. 
No início da década de 1930 também foram conquistados o Santo Antônio, São João, São Pedro e Garrafão, todos na Serra dos Órgãos, e a Maria Comprida, em Araras (Petrópolis). Nestas últimas montanhas nota-se a participação de Emerico Ungar, o primeiro grande desbravador da Serra dos Órgãos. Pelos nomes dos montanhistas de então percebe-se que havia um predomínio de estrangeiros, principalmente alemães e austríacos. Eles viviam no Brasil, mas já traziam de seus países noções de escalada e o amor pelas montanhas. Entre eles, o de maior destaque na época foi Richard Willy Brackmann, responsável pela primeira repetição do Dedo de Deus e por 32 primazias e conquistas, incluindo inúmeras montanhas em Itatiaia, além do Cabeça de Peixe e dos Picos Menor e Médio de Salinas, em Nova Friburgo.
Logo também surgiram novos clubes, como Petropolitano, Friburguense, Teresopolitano e o Centro Excursionista Rio de Janeiro (Cerj), que, no mesmo ano de sua fundação, 1939, criou a primeira escola técnica de guias do País.
A Agulha do Diabo
Na década de 1940 as coisas não mudaram muito, apenas pelas tentativas de montanhas ainda mais difíceis e complexas do que as de antes. O símbolo desta década, pela dificuldade que representava na época, é a conquista da Agulha do Diabo, em 1940. Seu cume só foi pisado depois de dois anos de investidas e de 26 grampos batidos pelos conquistadores, os brasileiros Giuseppe Toselli, Almy Ulissea e Roberto Menezes de Oliveira, o italiano Raul Fioratti e o alemão Günther Bucheister, todos membros do Ceb. O equipamento utilizado e a técnica de conquista eram os mesmos dos primórdios. A rocha lisa era perfurada por dias, içando-se em seguida pesados troncos e cabos de aço.
Pico Maior,onde fica a via Sylvio Mendes. Foto dos autores.A Agulha do Diabo (Serra dos Órgãos, Teresópolis). Foto dos autores.
No centro da parade da face sul do Corcovado está a Chaminé Rio de Janeiro. Foto dos autores.Em 1944, foi realizada uma outra importante conquista, a chaminé Stop, por Sylvio Mendes, um escalador à frente de seu tempo, e os irmãos Guido e Rolf Vergelle. Com 240 metros, foi a primeira grande via do Pão de Açúcar e a segunda na montanha. Foi uma conquista rápida e com poucos grampos para os padrões da época. Sylvio Mendes também conquistou o Pico do Itabira em Cachoeiro do Itapemerim (Espírito Santo), em 1947, com cerca de 400 metros e que foi considerada durante muito tempo a via mais difícil do Brasil. Ele conquistou também o Pico Maior, em Salinas, Nova Friburgo (RJ), em 1946, junto com Índio do Brasil e Reinaldo dos Santos, (via Sylvio Mendes, com 300 metros), e a chaminé Rio de Janeiro, na face sul do Corcovado, em 1949 (350 metros), com Índio do Brasil e Reinaldo Behnken, a primeira via aberta na mais vertical parede da cidade do Rio de Janeiro. Sylvio era membro do Cerj, clube que contava com excelentes escaladores nesta época, entre eles os já citados Índio do Brasil e Reinaldo Behnken.
adeusz Hollup durante um rapel típico da época, com a corda no corpo. Foto arquivo Guido Vergelle.O equipamento utilizado na época: corda de sisal e botas com cardas na sola. Foto arquivo CEC/Ivan Calou.adeusz Hollup numa repetição da Chaminé Stop (Urca, Rio de Janeiro), em 1952. Foto arquivo Guido Vergelle.
Importante também foi a conquista da face leste do Dedo de Deus, que se tornaria a via normal desta montanha. Utilizando apenas proteções naturais, pitons e cunhas de madeira, sem nenhum furo na pedra, Almy Ullysea, Antônio Taveira e Ulysses Braga, todos do Ceb, chegaram ao cume em 1944.
Em outros Estados do País a escalada técnica também se desenvolvia. No Paraná, mais precisamente no Marumbi, elas eram abertas desde 1942. A partir de 1948, com os ensinamentos de Erwin Gröger, começaram as conquistas mais ousadas, como a fenda principal no Abrolhos. Em São Paulo, a Pedra do Baú foi escalada pela primeira vez em 1940, pelos irmãos Antônio e João Teixeira de Souza. No final dos anos 1950, Domingos Giobbi, fundador do Clube Alpino Paulista (Cap), criou três campos-escola no Pico do Jaraguá, onde foram ministrados os primeiros treinamentos do clube. Em 1952, Edgar Kittelmann, Luis Gonzaga Cony e Giuseppe Gâmbaro realizaram a primeira escalada do Rio Grande do Sul, no Pico dos Gravatás, em Gravataí. 
O conjunto Marumbi, Paraná. Foto dos autores.A Pedra do Baú (São Bento do Sapucaí, São Paulo). Foto Silvio Neto.A face leste do Dedo de Deus (Serra dos Órgãos). Foto dos autores.

As grandes montanhas
A década de 1950 começou marcada pela conquista, por uma expedição francesa, do primeiro cume de mais 8.000m, o Annapurna (8.091m), no Himalaia, já em 1950. Participaram dela alguns dos melhores alpinistas da época, que faziam parte do que ficou conhecido depois como geração de ouro francesa, gente como Lionel Terray, Gaston Rébuffat e Louis Lachenal.

Em 29 de maio de 1953, foi a vez de uma expedição inglesa conquistar finalmente o Everest, o pico mais alto da Terra, com 8.848m, na fronteira entre o Nepal e o Tibete, hoje território chinês. Chegaram ao cume o apicultor neozelandês Edmund Hillary e o sherpa Tenzing Norgay. Neste mesmo ano, os alemães alcançaram o topo do Nanga Parbat (8.125m), com Hermann Bulh fazendo cume. Em 1954, o K2 (8.611m) foi vencido por uma expedição italiana, com Achille Compagnoni e Lino Lacedelli fazendo cume.

El Capitan, Yosemite, Califórnia - EUA. Foto Jörg Schuler.
Da expedição italiana ao K2 também fazia parte Walter Bonatti, escalador que nos anos seguintes seria considerado um dos melhores de todos os tempos, entre outras coisas, por ter feito, em 1955, em solitário e em cinco dias, o pilar sudoeste do Petit Dru (3.733m), considerado um dos maiores feitos da história do alpinismo mundial. Bonatti inspirou toda uma geração futura por representar o verdadeiro espírito do montanhismo. Sempre jogou limpo com a montanha e abriu vias de compromisso e muito difíceis, tendo ao menos uma via nas quatro faces mais selvagens do maciço do Mont Blanc. “Bonatti não entrou para a história do alpinismo, escreveu um capítulo sozinho”, escreveu sobre ele a revista espanhola Desnivel.

O Brasil marcou presença nas grandes montanhas quando, em 1953, Ricardo Menescal e Orlando Lacorte, membros do Centro Excursionista Carioca (Cec), atingiram o cume do Aconcágua (6.959m), na Argentina. Um mês depois, foi a vez do paulista Domingos Giobbi chegar ao cume da mesma montanha.

Saem de cena os cabos de aço
No Brasil, na década de 1950, o equipamento ainda não havia evoluído o bastante para se escalar usando as pequenas agarras e aderência de nossas paredes como pontos de apoio. Assim, os escaladores concentravam seus esforços em subir por chaminés. Quando era necessário subir por uma face sem grandes fendas, a alternativa era fixar cabos de aço com a ajuda de troncos de madeira, da mesma maneira como foi feito na conquista do Dedo de Deus, da Agulha do Diabo e tantas outras montanhas.
Foi assim, com bastante trabalho, que foram abertas as terceira, quarta e quinta vias no Pão de Açúcar: o Paredão Cepi, em 1952, pelo extinto Clube Excursionista Pico do Itatiaia; a chaminé Gallotti, em 1954, por membros do Centro Excursionista Carioca; e o Paredão Secundo Costa Neto, em 1957, também pelo Carioca, após 19 investidas.
Foi somente a partir da segunda metade da década de 1960 que os cabos de aço caíram em desuso e foram gradativamente removidos destas e de outras vias. Isso aconteceu devido a um avanço nas técnicas de escalada utilizadas no país, já que as técnicas européias estavam sendo cada vez mais difundidas em livros, e também pela vinda de escaladores estrangeiros, como o francês Lionel Terray, que visitou o Rio de Janeiro.
Patrick White na conquista da Chaminé Gallotti, em 1954.Foto arquivo CEC/Ivan Calou.Os conquistadores, George White, Nelson Bussi, Tadeusz Hollup, Laércio Martins e Patrick White, com o tronco utilizado na conquista da Secundo. Foto arquivo CEC/Ivan Calou.
Além disso, houve significativas mudanças nos equipamentos de escalada. A pesada bota cardada foi sendo substituída aos poucos por calçados leves, que permitiam a realização de lances mais técnicos, como a alpargatas de sola de sisal. A corda de sisal foi também vagarosamente sendo substituída pela corda de náilon, e em pouco tempo o baudrier surgiria. Hoje em dia, a chaminé Gallotti e o Secundo não possuem mais cabos de aço, sendo que o último trecho foi retirado na década de 1990. Hoje, o grau destas é 5º VIsup e 5º VIIa, respectivamente.
Tadeusz Hollup na conquista da Secundo. Foto arquivo CEC/Ivan Calou.Uma escalada que marca bem este período foi a conquista do Paredão IV Centenário (4º IVsup, 170m), em 1965, no Morro da Babilônia, por Giuseppe Pellegrini, Carlos Carrozzino, José Luiz Barbosa, Cláudio Vieira de Castro e Etzel Von Stockert, todos do Cerj. Apesar de ter sido cabeada para permitir uma ascensão mais rápida aos futuros escaladores, ela foi conquistada com cordas de náilon e em livre, ainda que com apoio nos grampos, pois naquela época não havia a preocupação de não se pisar ou segurar nos grampos. Antes mesmo do final da década os próprios conquistadores removeram os cabos de aço que havia. O IV Centenário é um bom exemplo da transição do uso de cabos para a escalada em livre nas paredes com agarras. Ela marca também o início do que foi chamado na época de “rochedismo”, a escalada de paredes sem o objetivo de se alcançar o cume. Além disso foi a primeira via do Babilônia, parede que hoje conta com mais de 30 vias.

A multiplicação das vias
A partir dos anos 1970 houve uma multiplicação no número de vias conquistadas no Rio de Janeiro, consequência do aumento do número de praticantes e de escaladores de bom nível técnico. Contribuiu para isso também a consolidação do uso da corda de náilon, dos mosquetões de duralumínio e do baudrier. Para se ter uma idéia, até o fim da década de 1960, a Urca contava com apenas nove vias. Dez anos depois, elas já eram quase 50.
IV Centenário (4º IVsup), no Morro da Babilônia, Urca. Foto arquivo CEC/Ivan Calou.Jean Pierre conquistando o trecho de artificial do Lagartão no Pão de Açúcar. Foto Jean Pierre.
A face leste da Pedra da Gávea, por onde foi conquistada a via C-100, em 1972. Foto dos autores.Dentre essas novas vias uma chamou bastante atenção. Foi o Lagartão, conquistado no Totem, na face sul do Pão de Açúcar, em 1972, por Alex Pereira, George White, Jean Pierre Von deir Weid e Luis Bevilacqua, todos do Cec. Seguindo por 300 metros uma linha com fendas, negativos, aderência e delicados trechos em agarras,esta escalada possuía um grau de dificuldade técnica extraordinário para a época: sexto grau (hoje ela está graduada em 6º VIIa A1/VIIc). Durante muitos anos, o Lagartão foi considerada uma das vias mais difíceis do Brasil e se tornou um mito entre os escaladores, tendo poucas repetições até o final dos anos 1970, sendo raríssimas à vista.
A face leste do Pico Maior, em Salinas (Nova Friburgo), conquista de 1974. Foto dos autores.A via que rivalizava com o Lagartão no quesito dificuldade era a Foca, no Espírito Santo, uma conquista do carioca Rodolfo Chermont, escalador muito habilidoso e extremamente arrojado. Ele também é conquistador da via Patrick White, no Irmão Maior do Leblon, e da C-100, na Pedra da Gávea, que era toda protegida com grampos de ¼ de polegada. Ambas estavam entre as mais difíceis da época. Outra via aberta neste período, e que se tornaria uma clássica, foi a Leste do Pico Maior de Salinas, em Nova Friburgo (5º V A1). Com 700 metros de extensão, era a maior via até então, sendo conquistada por Waldemar Guimarães, Valdinar dos Santos, José Garrido e Guilherme Menezes, em 1974.
Mais ou menos no mesmo ano em que começaram a chegar ao Brasil as primeiras sapatilhas, em 1978, chegaram também as primeiras peças para proteção móvel, os nuts. Um bom exemplo da utilização deles foi na conquista da Fissura Tropical, em 1979 (4º VIsup), no Morro da Babilônia, por Antônio Carlos Magalhães e José Lozada. São 30 metros de fissura toda protegida em móvel, exceto por um grampo no trecho inicial de agarras. Nos anos seguintes, numerosas vias com fendas seriam conquistadas com essas peças “mágicas”. 
Messner
Depois de Walter Bonatti, o italiano Reinhold Messner surgiu como o novo candidato ao posto de maior montanhista de todos os tempos. Natural do Tirol do Sul, na fronteira da Itália com a Áustria, Messner daria muito o que falar nos anos seguintes, ao derrubar sucessivamente mitos nas grande montanhas do Himalaia.
Era uma tendência da escalada moderna, a redução brusca dos tempos de ascensão. Vias que antes eram feitas em dias, passaram a ser feitas em horas. Messner deu uma demonstração da força dessa nova geração de alpinistas, ao escalar, com o austríaco Erich Lackner, pela primeira vez o Pilar do Frêney, no Mont Blanc, em um dia. Depois, com Peter Habeler, escalou a face norte do Eiger em impressionantes 10 horas. 
Ele iniciou suas atividades no Himalaia em 1970, ano em que escalou o Nanga Parbat (8.126m) com seu irmão Günther, subindo por uma face e descendo por outra. Mas durante a descida Günther desaparece numa avalanche.

Em 1978, com Peter Habeler, são os primeiros a chegar ao cume do Everest sem utilizar oxigênio engarrafado, algo que até alguns médicos acreditavam ser impossível devido a rarefação do ar a 8.848 metros acima do nível do mar.
Em 1980, Messner volta ao Everest, subindo desta vez pelo lado norte. Escalando sozinho e novamente sem oxigênio, abre uma nova via. 
Aos 42 anos, em 1986, ele se torna o primeiro escalador a subir todos os 14 principais cumes do planeta com mais de 8.000m, sendo que em nenhum deles utilizou oxigênio engarrafado. Messner também é autor de vários livros, entre eles “Espírito Livre”, “A Zona da Morte”, “Everest em Solitário”, “Everest sem Oxigênio” e “As Grande Paredes”. Infelizmente, nenhum deles foi publicado no Brasil.

A década de oitenta
Paulo Macaco, de Kichute, na Via dos Italianos (Pão de Açúcar), no início dos anos 1980. Foto Antonio Paulo.A década de 1980 foi o período mais fértil e importante no desenvolvimento do montanhismo nacional. A evolução do equipamento, o conceito de MEPA, a conquista de vias de grande dificuldade e a escalada esportiva, mudou a forma de se escalar e de pensar dos escaladores. Como escreveu Antônio Paulo Faria, no livro Montanhismo Brasileiro - Paixão e Aventura (Editora Publit): “O que fazemos hoje depende profundamente das realizações conseguidas naquela década”.

Apesar das primeiras sapatilhas importadas terem chegado ao Brasil por volta de 1978, a grande maioria no início da década de 80 ainda escalava com calçados improvisados, como o Conguinha e o Kichute. Com o passar dos anos as botas ficaram mais acessíveis, o que fez com que os escaladores migrassem de um para o outro. Um fato que ajudou este processo foi o surgimento, no Paraná, em 1986, da Natisnake, hoje Snake, que lançou a primeira bota nacional.


Uma bota que revolucionou bastante a escalada, não só no Brasil, foi a Fire, o primeiro modelo da marca espanhola Boreal. A sola era de goma cozida, o que garantia uma aderência muito melhor que a das outras botas, facilitando as escaladas em aderência. Era o sonho de consumo de muitos escaladores brasileiros.


Alexandre Portela e Marcelo Braga, na via Limiar da Loucura (VIIc), em 1983. Foto arquivo André Ilha.O ritmo de conquistas, que havia se intensificado nos anos 70, continuou se acelerando nos 80, com a conquista de mais de 100 vias só na Urca. Mas, tão marcante quanto o número de vias abertas, foi a contínua eliminação dos pontos de apoio na escalada, pois até então era normal se apoiar, pisando ou segurando, nos grampos. Este processo foi documentado no Catálogo de Escaladas do Estado do Rio de Janeiro que André Ilha e Lúcia Duarte publicaram em 1984, onde foi cunhada a expressão ‘Máxima Eliminação de Pontos de Apoio’ (MEPA). Esse era um movimento que acontecia em outros países também, como na Alemanha, com o nome de rotpunkt ou traduzindo, ponto vermelho (veja no quadro).

Desta forma, em 1981, o Ás de Espadas, que tinha o grau 5º Vsup, foi feito inteiramente em livre, ou seja, sem pontos de apoio, por André Sant’Anna, o ‘Papel’, usando um simples Conga e já com a ajuda do magnésio, alterando assim o grau da via para 6º VIsup.

A via Pássaros de Fogo segue a esquerda da mancha escura à direita na foto. Foto dos autores.
Outros destaques da MEPA foram o Roda Viva, que era graduado em 4º IVsup e que passou a ser 4º VI depois de ser ‘mepado’ em 1982, por Sérgio Poyares e Sérgio Bruno; logo depois o Secundo teve seu grau elevado de V para VIIa, quando foi escalado, em janeiro de 1984, totalmente em livre, pelo norte-americano
Russ Clune. Dois meses depois, o Lagartão foi escalado com apenas um ponto de apoio por Sergio Tartari, o que mudou a graduação de 6º VI A1 para 6º VIIc; e no Pico da Tijuca-Mirim Alexandre Portela fez em livre a Fissura Primos, graduando-a em oitavo grau.

Na década de 80, foram conquistadas algumas das melhores vias do Pão de Açúcar, entre elas, o Waldo (1983); Xeque-Mate (1984); Caixinha de Surpresa (1988) e Cisco Kid (1988). Mas, as mais marcantes foram a Pássaros de Fogo (6º VIIa) e a Limiar da Loucura (7º VIIc), ambas abertas em 1983.


A via Pássaros de Fogo foi aberta por André Ilha, Sergio Tartari e o americano David Austin. Ela foi a via de maior nível técnico já conquistada até então sem nenhum artificial, tornando-se um marco, pois já nasceu VIIa, diferente de outras vias, que foram conquistadas em artificial e depois feitas em livre.


Logo a seguir, ainda em 1983, Alexandre Portela e Sergio Tartari conquistaram o Limiar da Loucura, a primeira via a passar na face oeste do Totem. Ela traça uma bonita linha, em boa parte protegida em móvel, seguindo um sistema de fendas que tem início na via Lagartão. Foi conquistada também inteiramente em livre, sendo o primeiro VIIc conquistado sem artificial.


Rotpunkt
O termo alemão rotpunkt (ou red point, em inglês) foi criado por acaso, pelo lendário escalador alemão Kurt Albert e seus companheiros, no final da década de 1970. Até então, não existia o que conhecemos hoje por escalada esportiva. Se havia um trecho difícil numa via, era comum bater um piton e passar o lance em artificial, usando estribos e apoiando-se nos pitons.

Em 1975, Kurt Albert teve a idéia de escalar algumas das vias do local que costumava frequentar sem se apoiar nos pitons ou grampos. Seu objetivo era subir sem nenhum apoio artificial, dependendo somente de sua habilidade e força. Foi aí que ele e seus amigos tiveram a idéia de pintar um ponto vermelho em cada piton que antes servia de apoio e que eles conseguissem ultrapassar sem tocá-lo, usando-o apenas para fazer a costura, ou seja, realizando o lance em livre. Depois decidiram colocar apenas um pequeno ponto vermelho na base das vias que já haviam feito em livre. Esse ponto vermelho influenciou as próximas gerações a tentar escalar da mesma forma que aquele grupo escalava. Foi o nascimento da escalada esportiva, que só se consolidaria na década seguinte.


Movimentos assim surgiram mais ou menos na mesma época em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil, com o nome de Mepa - Máxima Eliminação de Pontos de Apoio. Hoje em dia, o termo red point é conhecido e utilizado por escaladores do mundo inteiro.
Vias de peso
Outras vias de peso foram abertas nesta década. Vias grandes, difíceis e com várias enfiadas protegidas em móvel. Entre elas estão a Sinfonia do Delírio (7º VIIc, 430 metros), conquistada em 1986 por Alexandre Portela, Marcello Ramos e Carlos Costa, no Pico dos Quatro, no maciço da Pedra da Gávea, e a Oitavo Passageiro (7º VIIIb A1, 380 metros), aberta no Corcovado, em 1987, por Alexandre Portela, Sérgio Tartari, Sérgio Poyares, Mozart Catão, Eduardo Cabral, Fernando Barberá e Bruno Menescal.
O Pico Maior, em Salinas (Nova Friburgo). Foto dos autores.
No Pico Maior de Salinas, em Nova Friburgo, paredes impressionantes foram vencidas, com destaque para as vias Arco da Velha (6º VIIa E3, 700m), aberta por Alexandre Portela, Sérgio Bruno, Sérgio Poyares e Sérgio Tartari; Cabeça Dinossauro (6º VIIa A0/VIIc E5, 600m), por Alexandre Portela, Sérgio Poyares e Sérgio Tartari; e The Wall (7º VIIa A2 E3, 500m), por Alexandre Portela, José Luis Hartman, Luis Cláudio “Pita” e Sérgio Tartari. Em 1984, foi aberto o primeiro big wall do País, a via Tragados Pelo Tempo, conquistada por David Austin, Portela e Tartari, na face sul do Corcovado. Com 420 metros de extensão e graduada em A3 VIIa, foi a primeira via de artificial moderno do Brasil.
Em 1986, outro big wall: agora, Portela e Tartari conquistam a Terra de Gigantes, numa parede de 600 metros, em boa parte negativa, na Pedra do Sino, Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Ela foi graduada em A4+ (hoje A4), numa escala que vai até A5. Foram necessários onze anos para que ela tivesse uma primeira repetição, sendo ainda hoje considerado o big wall brasileiro mais complexo.
Acostumados com as grandes paredes brasileiras, alguns escaladores partiram em busca de desafios maiores, como as montanhas de rocha e gelo da Patagônia. Assim, em 1989, o paulista Luis Makoto chegou ao cume do Fitz Roy, na Argentina. No ano seguinte, foi a vez do carioca Alexandre Portela e do paranaense Bito Meyer pisarem o mesmo cume. Em 1990, Makoto escalou também o Cerro Torre, pela via do Compressor, com 1.100m de extensão, feito repetido por Portela, em 1992.
O começo de uma nova modalidade
uis Cláudio “Pita”, numa repetição da Tragados Pelo Tempo, no Corcovado. Foto dos autores.Foi nos anos 80 também que se começou a praticar o que hoje chamamos de escalada esportiva. O princípio foi tímido, com vias sendo escaladas em top rope, na Pedra do Urubu. Mas logo essa nova modalidade se desenvolveria, principalmente depois da conquista do Ácido Lático (VIIa), em 1983, por André Ilha, Marcelo Braga e Marcello Ramos, na Parede dos Ácidos. Até o final da década surgiram várias outras vias neste estilo, incluindo o primeiro VIIIc, a via Andrômeda, aberta em 1986 por Marcello Ramos e Pedrag Pancevski, no Morro São João, em Copacabana.
Mas, a maior concentração de vias de grande dificuldade estava mesmo na Parede dos Ácidos e na Pedra do Urubu, local que servia como ponto de encontro dos escaladores esportivos ou falesistas, como eram conhecidos. Entre eles estava Paulo “Macaco”, responsável por abrir três lances de IXa: o boulder Olhos de Fogo, no Grajaú, em 1987; o Expressão Corporal e o Urubu Sacana, ambos na Urca e cotados hoje em VIIIc.
Parede da Pedra do Sino por onde passa a Terra de Gigantes (Serra dos Órgãos). Foto dos autores.Na busca da evolução técnica, alguns equívocos com relação à ética foram cometidos, como a colocação de agarras artificiais na Pedra do Urubu. Esta foi a opção encontrada pelos escaladores locais da época para se criar uma via de IXb, o famoso grau 5.13a americano. Este fato não se justificou, por causa da grande quantidade de vias naturais de nono grau, ou até mais difíceis, que foram descobertas posteriormente em outras áreas da cidade, além da proliferação de muros artificiais. As agarras de plástico, como eram chamadas, foram então retiradas. Atualmente, a grande maioria dos escaladores abomina este tipo de via em rocha.
Paralelamente, a escalada esportiva também se desenvolvia em outros Estados, com destaque para o Morro do Anhangava, nas proximidades de Curitiba. O Paraná contava com excelentes escaladores, entre eles José Luis Hartmann, o “Chiquinho”, Ingo Müller, Ronaldo Franzen Junior, o “Nativo”, Dálio Zippin Neto, Bito Meyer, Júlio Nogueira, Dubois e André Lima, entre outros. Posteriormente, foram abertas vias esportivas em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. 
Com a escalada esportiva surgiram também as primeiras competições de escalada na América do Sul, sendo o primeiro Campeonato Sul-americano realizado em Córdoba, na Argentina, em 1987, e vencido pelo carioca Marcelo Braga. Dois anos depois, em Vila Velha, no Paraná, acontecia mais uma competição, vencida pelo paulista André Prata. Em Curitiba, foram realizados os Sul-americanos de 1989 e 1990 e, no Rio de Janeiro, aconteceram os Campeonatos Brasileiros de 1990 e 1992, no muro que havia no topo do Pão de Açúcar, na lateral da estação do bondinho.
Alexandre Portela no teto da Nosferatus (VIIIc), na Parede dos Ácidos (Urca). Foto arquivo André Ilha.Fábio da Silveira, no Ácido Lático (VIIa), na Parede dos Ácidos (Urca). Foto arquivo André Ilha.
Assim como na década anterior, a passagem de escaladores estrangeiros pelo Brasil também foi marcante nos anos 1980. A visita de maior destaque foi a do famoso escalador alemão Wolgang Güllich, o primeiro a superar a barreira do nono grau francês, equivalente ao nosso XIc, em 1991, com a via Action Direct, na Alemanha. Na Urca, ele deixou como legado, em 1987, a Southern Confort, também conhecida como Via do Alemão, na Pedra do Urubu. Esta via esportiva foi o primeiro décimo grau do Brasil, permanecendo como a esportiva mais difícil da América do Sul durante muito tempo.
Paulo Macaco na Urubu Sacana (VIIIc), na Pedra do Urubu. Foto arquivo André Ilha.Ralf Côrtes, na Aresta do Urubu (VIIb), ambas vias da Pedra do Urubu (Urca). Foto arquivo André Ilha.
Depois de Güllich, outro escalador de peso que passou pelo Brasil foi o francês Patrick Edlinger, em 1989. Trata-se de um dos maiores responsáveis pela difusão da escalada em livre de grande dificuldade. Ele também ficou conhecido pelos filmes em que aparecia solando grandes vias, com dificuldades de até VIIc. Em nossas montanhas, Portela e Tartari também fizeram solos integrais assombrosos, como a via dos Italianos (5º V, 270 metros), a Secundo (na época 5º V C, 300 metros), a Cavalo Louco (5º VI, 270 metros) e a Gallotti (5º VIsup, 280 metros), no Pão de Açúcar, além de algumas outras vias no Babilônia e na Parede dos Ácidos.
osé Luis Hartman, o Chiquinho, no Anhangava (Paraná). Foto dos autores.Campeonato realizado em São Paulo. Foto Ricardo Linhares.

A febre esportiva
A década de 1990 viu o boom do Campo Escola 2000 (RJ) e da Serra do Cipó (MG), áreas de escalada esportiva que expandiram o décimo grau. Este nível foi atingido, em parte, graças ao surgimento de numerosos muros de escalada, alguns montados dentro de quartos, e à popularização do boulder, atividades que se tornaram praticamente obrigatórias na vida dos escaladores que queriam evoluir técnica e fisicamente. Esta foi a década da escalada esportiva. Antônio Paulo Farias, num artigo para a revista Fator2 (nº 14, 2001), descreveu bem este período: “Ao longo dos anos 1990 alastrou-se a febre da escalada esportiva em vários pontos do País. A escalada tradicional foi quase que colocada de lado, muitas vias caíram no esquecimento (...). Era o tempo onde os escaladores andavam com calças de lycra coloridas e apertadas (...). Muitos escaladores que tinham uma visão mais global e escalavam de tudo, estavam apreensivos por medo da escalada tradicional desaparecer (...). Felizmente isso não aconteceu”.
Via Sinos de Aldebarã, na Serra do Cipó (Minas Gerais). Foto dos autores.Como resultado desta febre, em 1995, oito anos depois da passagem de Güllich pelo Rio, Luis Claudio “Pita” encadeou a Via do Alemão (Southern Confort), na Pedra do Urubu, o primeiro Xa do Brasil.Tempos depois, Alexandre Galvão e Ralf Côrtes também a encadearam. Em 1996, Helmut Becker e Luis Cláudio “Pita” abriram a Coquetel de Energia, um Xc, no Campo Escola 2000, na Floresta da Tijuca. Esta graduação equivale ao 5.14a norte-americano, um mito para os escaladores brasileiros. Dois anos depois, e após muitos exercícios específicos, Helmut conseguiu fazê-la sem quedas. Na época, era o único 5.14a da América do Sul.
Sinônimo para escalada esportiva também é a Serra do Cipó, a apenas 100km de Belo Horizonte, que ainda atrai escaladores de todo o Brasil. Com uma rocha de excelente qualidade (mármore), vias de grande dificuldade e imensos negativos, o Cipó era a Meca da escalada esportiva brasileira. Foi lá, inclusive, que as mulheres atingiram a dificuldade de IXc, com o encadeamento da via Heróis da Resistência, pela carioca Mônica Pranzl e pela paranaense Vanessa Valentim. Aliás, não era só na escalada esportiva que as mulheres se destacavam. Nessa época também, a carioca Katia Torres já havia escalado, inclusive guiando algumas enfiadas, as vias Oitavo Passageiro (7º VIIIb A1, 380m), no Corcovado, e a Crazy Muzungus (A2 VI, 600m), no Garrafão, um big wall de vários dias. Depois dela, veio a paranaense Roberta Nunes, uma escaladora bastante completa, que escalava oitavo grau em esportivas e também vias imensas naPatagônia, Yosemite e Groelândia, onde conquistou, com a espanhola Cecilia Buil, uma via de 1.620m de extensão. Roberta faleceu prematuramente em 2006, num acidente de carro, aos 34 anos de idade.
Luis Cláudio ´Pita´ na Via do Alemão (Xa), na Pedra do Urubu, Urca. Foto arquivo Luis Claudio Pita.Depois do Campo Escola 2000 e da Serra do Cipó, foi a vez da Barrinha se tornar o novo point da escalada esportiva depois da sua descoberta, em 2000, por Antônio Paulo e Luis Claudio “Pita”. Com vias de até 30 metros e várias dezenas de movimentos, a Barrinha é hoje o local com o maior número de vias de décimo grau e por onde passaram alguns dos melhores escaladores esportivos dos País. Eles foram protagonistas de performances impressionantes, como o encadeamento, já na primeira tentativa, em flash, da via Vaca Louca (Xb), pelo gaúcho Guilherme “Guili” Zavaschi; da via Chapa Quente (Xa), pelo também gaúcho Thiago Balen; e da via Barra Pesada (Xa), pelo paranaense Diogo Ratacheski. Já o canadense Scott Milton passou à vista na primeira parte (Xa) da via Lágrimas de Sangue. Espantoso também foi o que aconteceu em 2003: num único dia, Daniel Hans “Coçada” encadeou, sacando as costuras, as vias Mr. Bill (Xc), Lágrimas de Sangue (Xb), Vaca Louca (Xb), Barra Pesada (Xa), Filezão (IXc), Crux com certeza (IXb), Espetinho (IXa/b) e Filé com certeza (IXa). Haja resistência!
Junto com a escalada esportiva, crescia também no Brasil o número de escaladores se dedicando aos boulders. No Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Brasília, novas áreas e novos boulders foram sendo descobertos. Isso fez com que alguns escaladores praticamente deixassem a corda de lado, tornando-se especialistas nessa modalidade.
Mônica Pranzl na via Gramoxone, VIIIb/c. Foto arquivo Antônio Paulo.Roberta Nunes, em Utah (Estados Unidos). Foto arquivo Roberta Nunes.
Gisele Ferraz, na via Sonho de Consumo, VIIIc (Serra do Cipó, Minas Gerais). Foto Antonio Paulo.Kátia Torres, no big wall Crazy Muzungus, no Garrafão (Serra dos Órgãos). Foto Alexandre Portela.
No topo do mundo
No extremo oposto da escalada esportiva, o Brasil chegou ao cume do monte Everest (8.848m), em 14 de maio de 1995, com o teresopolitano Mozart Catão e o paranaense Waldemar Niclevicz, que utilizaram oxigênio engarrafado e subiram pela face norte. Em 1998, Catão, juntamente com Othon Leonard e Alexandre de Oliveira, foi vítima de uma avalanche na face sul do Aconcágua (6.959m), no que é ainda hoje a maior tragédia envolvendo brasileiros numa alta montanha. Em 2006, a paulista Ana Elisa Boscarioli, tornou-se a primeira brasileira a chegar ao ponto mais alto da terra, escalando pela crista sudeste e também usando oxigênio suplementar.
O grande desafio para os brasileiros atualmente em alta montanha é fazer cumes de 8.000 metros sem oxigênio engarrafado. Em 2006, Vitor Negretti e Rodrigo Rainieri, primeiros brasileiros a escalar com sucesso a perigosa face sul do Aconcágua, tentaram o Everest sem oxigênio. Vitor chegou ao cume, mas faleceu durante a descida, provavelmente vítima de um edema. O casal Paulo e Helena Coelho tenta o Everest sem oxigênio já há alguns anos, tendo já chegado à altitude de 8.400m.
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Allan Rodrigues, em dois momentos na via Mr. Bill, Xc, (Barrinha, Rio de Janeiro). Foto Rodrigo Gaúcho.
Grandes vias
Luis Claudio Pita na via Atalho do Diabo (8º Xa, 350 metros) no Corcovado. Foto dos autores.A escalada esportiva refletiu-se também em nossas montanhas. No início dos anos 1990 foram abertas três vias de parede no Rio de Janeiro com dificuldades que antes só eram encontradas em blocos e falésias. Uma delas foi a Barriga do Pássaro (IXb), uma variante entre a Caixinha de Surpresa e o Waldo, no meio da face norte do Pão de Açúcar. Esta via foi aberta por Ralf Côrtes, Luis Cláudio “Pita” e Márcio Lozada, sendo encadeada pela primeira vez após alguns anos. Depois Alexandre Portela, Luis Claúdio Pita e Ralf Côrtes abriram a via A Um Passo do Espaço (VIIIc), no Totem do Pão de Açúcar. Da base ao cume, passando pelas vias As Lacas Também Amam e Revolta dos Gravatás, são pelo menos cinco enfiadas, num total de 240 metros, graduadas em sua maior parte em VIIc, sendo a última VIIIc em aresta. Já no Corcovado, Alexandre Portela, Luis Cláudio “Pita”, Marco Vidom e Sérgio Tartari abriram a Atalho do Diabo, trabalhando cada enfiada até a via sair toda em livre. São cerca de 300 metros, com uma enfiada de VIIIa, duas de VIIIc, uma de Xa e as demais na casa do sétimo grau. A via ainda aguarda ser encadeada da base ao cume em um único dia. “Pita” chegou próximo disso, escalando-a com apenas uma queda. A enfiada de Xa não foi encadeada guiando até agora. Ainda hoje esta via é um desafio para as novas gerações. 
A escalada tradicional não só não desapareceu como voltou com força total na virada do século. Até o ano 2000, as maiores vias do Brasil tinham cerca de 700 metros de extensão. Num período relativamente curto, de 2000 a 2002, foram conquista das nada menos do que oito vias com mais de 800 metros. São elas:
    Ralf Côrtes, na aresta (VIIIc) da via A Um Passo do Espaço (Pão de Açúcar). Foto Marcela Chaves.
  • - Vai Mas Não Cai Não (6º VIIa), com 1.260m, na Pedra Riscada, Ataléia, MG, conquistada por Breno Azevedo, Chander Silva, Leandro Oliveira, Márcio Bortolusso e Oscar Andres.
  • - Maria Nebulosa (3º V), com 1.040m, na Maria Comprida, em Petrópolis, RJ, conquistada por Alex Ribeiro, Jorge Fernandes, Pedro Miranda e Rafael Wojcik.
  • - O Céu é o Limite (7º VIIb), com 950m, no Morro dos Cabritos, em Teresópolis, RJ, conquistada por Antonio Paulo Faria, Daniel Bonella Guimarães e Renato Estrella.
  • - Xenólitos Perdidos do Imenso Monolito (7º VIIa), com 900m, no Escalavrado, em Teresópolis, RJ, conquistada por Miguel Monteza, Guilherme Fonseca e Patricia Duffles.
  • - Domínio das Sombras (V A3), com 830m, na Pedra da Maria Comprida, em Teresópolis, RJ, conquistada por Alex Ribeiro, Ildinei de Oliveira e Leandro Siqueira. 
  • - Face Norte do Morro dos Cabritos (6º VIIb A1), com 840m, em Teresópolis, RJ, conquistada por André Ilha, Flavio Wasniewski, Guilherme Condé e Paulo Chaves.
  • - Face Oeste da Pedra Riscada (7º VIIA A2+), com 850m, em Ataléia, MG, conquistada por Eduardo Vianna e Emerson Azeredo.
  • - Abuso (7º VIIa A2+), com 800m, no Escalavrado, em Guapimirim, RJ, conquistada por Alexandre Siqueira, Guilherme Fonseca, Michel Cipolati e Miguel Monteza.
O Morro dos Cabritos em Teresópolis. Foto dos autores.Com novas paredes sendo descobertas, principalmente, no Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, o potencial para novas vias é imenso.

A organização do esporte
A partir da década de 1990 foi significativo o aumento do número de escaladores que passaram a praticar o esporte de forma mais independente, sem a passagem por clubes, o que era comum até o final dos anos 1980. Por volta de 1987, surgiram os primeiros guias e instrutores profissionais de escalada, mas foi só nos anos 1990 que alguns deles passaram a viver exclusivamente da atividade, consolidando o profissionalismo na escalada brasileira.
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Na tentativa de se organizar a prática da escalada no Estado do Rio de Janeiro, em 1996, criou-se a Interclubes, entidade que reunia clubes, instrutores profissionais e escaladores independentes. Em 2000, ela se tornou oficialmente a Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (Femerj). Em 2001, foi criada a Associação de Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro (Aguiperj). Em 2004, as federações carioca (Femerj), paulista (Femesp) e paranaense (Fepan), fundaram a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (Cbme).
A organização dos escaladores em torno de um objetivo comum, filiando-se a associações e federações, é importante para a organização e desenvolvimento do esporte. As federações e associações são responsáveis por, entre outras coisas, garantir o acesso às montanhas, já que algumas áreas de escalada foram fechadas arbitrariamente, seja por órgãos públicos ou proprietários privados. Elas também são importantes para que possamos praticar nossa atividade como sempre fizemos, sem a interferência de órgãos externos, mas de forma ética e respeitosa com os demais escaladores e o meio ambiente.
Leia mais aqui.




O Texto completo pode ser lido em "Escale Melhor e com Mais Segurança", ou no site da Companhia da Escalada

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