sábado, 13 de dezembro de 2014

A história da conquista do Everest - 1922



A expedição seguinte, liderada por Charles Granville Bruce, um general com 56 anos, iniciou sua jornada antes das monções e gabava-se de ser formada por um grande time de treze pessoas, entre os quais os veteranos John Noel, George Mallory e um cinegrafista. Segundo eles, estava abastecida com alimentação especial: champanhe, caviar e espaguete. Que congelou nos acampamentos mais altos.

Eles realmente tinham uma alimentação bem mais adequada, mas roupas não. A famosa foto onde aparecem George Mallory e Edward Felix Norton, no alto da montanha, os mostra vestindo calças de lã e jaquetas de jérsei. Eles usavam chapéu, óculos escuro, machadinhas de gelo e cordas, como se estivessem indo para um passeio em um parque inglês de inverno.

Para facilitar a logística da operação, diversos acampamentos intermediários foram estabelecidos. O acampamento IV foi montado no Colo Norte, e o acampamento V, a uma altitude de 7.600 metros. Embora este acampamento estivesse baixo demais para servir como base de um ataque ao cume, a primeira tentativa foi feita por George Mallory, Edward Norton e Howard Somervell, um cirurgião com 32 anos. Eles subiram a 8.170 metros, sem oxigênio suplementar, antes de descerem com sintomas de congelamento para o acampamento IV, onde chegaram às 23h30min, completamente exaustos.

A segunda tentativa foi realizada pelo australiano George Finch e Geoffrey Bruce, filho do líder da expedição. Passaram a noite dormindo com auxílio de oxigênio suplementar, o que os manteve melhor aquecidos e permitiu-lhes um bom sono, embora alguns membros do grupo – entre os quais Mallory – fossem contra por acharem tal atitude antiesportiva. Além disto, cada equipamento com quatro cilindros do que os sherpas chamavam "ar inglês" pesava 15 quilos.

Mesmo com todo este peso, Bruce e Finch partiram do acampamento VI, precariamente montado a 7.800 metros, na manhã seguinte, levando na mochila apenas uma garrafa térmica de chá. Subiram até 8.323 metros, estabelecendo um novo recorde de altitude. E só não foram mais alto porque o equipamento de Bruce estragou. Estava provado que o oxigênio artificial seria imprescindível para alguém alcançar o cume do Everest.

A terceira tentativa terminou prematuramente no dia 7 de junho, 200 metros abaixo do Colo Norte, quando uma avalanche colheu Mallory, Somervell, Colin Crawford e treze sherpas. Sete carregadores morreram. Ao saber da notícia, no Acampamento-base, o general Bruce ordenou a retirada da montanha.

O Everest começava a cobrar seu tributo de quem o ousava desafiar. Mas eles não desistiram, iniciando uma campanha de arrecadação de fundos para voltarem ao Himalaia.

Durante um ciclo de palestras para arrecadar dinheiro, realizado nos Estados Unidos, ilustradas com slides das expedições anteriores, quando um irritante jornalista perguntou-lhe por que motivo alguém teria que escalar o Everest, George Mallory respondeu com o que veio a se tornar a mais celebre frase da história do montanhismo:
– Porque ele está lá!

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