quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A história da conquista do Everest - 1921

A história da conquista do Everest - 1921

Em 1920, Charles Bell, diplomata britânico encarregado dos negócios com o Tibete, depois de muita pressão, convenceu o 13º Dalai Lama a permitir uma primeira expedição de reconhecimento ao Everest, seguindo a trilha desbravada por John Noel, em 1913, que os acompanharia como guia.

A expedição de 1921 foi organizada pela Sociedade Geográfica Real. Formada por diretores da Sociedade, topógrafos, geólogos, médicos e montanhistas do Clube Londrino de Alpinismo, era chefiada por Charles Kenneth Howard-Bury, um tenente-coronel do Exército Inglês com 37 anos de idade.

Muitos dos mais promissores jovens alpinistas tinham morrido na Primeira Guerra Mundial, elevando a idade média dos membros da expedição de reconhecimento para 44 anos. Embora composta por montanhistas experientes, tratava-se de experiência em montanhas européias, com menos da metade da altura do Everest.

Pouco era conhecido sobre os efeitos da altitude, bem como roupas e equipamentos específicos para o ambiente que iriam enfrentar, sendo muitas das melhores avaliações da época impróprias para os padrões atuais. Cada um levou para a montanha o que achou que iria necessitar.

Os nove membros da expedição não formavam o que se poderia chamar de um grande time, e após uma extenuante caminhada de 640 km, desde o Sikkim, apenas seis chegaram à base da montanha. Para ajudá-los, os britânicos contrataram alguns sherpas que haviam imigrado para a Índia, dando início a uma das maiores parcerias étnicas no montanhismo himalaio: sherpas budistas e ocidentais cristãos.

Os sherpas foram recomendados pelo médico e botânico escocês Alexander Mitchel Kellas, um veterano do Himalaia, com 53 anos, que já os havia empregado em suas andanças em busca de conhecimentos sobre a flora da região. O próprio Dr. Kellas acompanhou a expedição, vindo a morrer dias depois, no interior do Tibete, vítima de um ataque cardíaco.

Mas a principal figura da primeira expedição foi George Leigh Mallory, um professor com 35 anos. Com seu parceiro de montanhismo, G. H. Bullock, ele primeiro gastou um árduo mês explorando a área que o levaria com menos dificuldade até o sopé da montanha, a misteriosa geleira Rongbuc Oriental.

Ficou óbvio ser o verão, durante o período das monções, a época menos favorável para qualquer coisa que se quisesse fazer no Himalaia. Mas não desistiram, apesar da exaustão e das doenças que atingiram alguns integrantes do grupo.

O incansável George Mallory continuou bisbilhotando a montanha até chegar ao passo Lho, 6.006 metros, uma falha na cordilheira permitindo passar do Tibete para o Nepal. Dali pôde fazer uma minuciosa observação da geleira, em forma de tobogã, cobrindo o vale, com cerca de 4 km entre o Everest e o Nuptse, acima da Cascata de Gelo, o qual batizou de Cwm – vale, em galês – Ocidental, além de se tornar o primeiro europeu a ver a Cascata de Gelo e o vale Khumbu, no lado nepalês.

Mallory voltou para o acampamento e, depois de trocar muitas informações com os outros alpinistas, concluiu ser a Cascata de Gelo um caminho intransponível. Portanto, melhor continuar tentando pelo lado tibetano, através do Colo Norte, localizado entre o Everest e o Changtse, que ficava bem em frente, e a partir dali escalar pela aresta norte, à esquerda da face norte.

Apesar do mau tempo e dos precários equipamentos, três sherpas e três alpinistas, incluindo George Mallory, alcançaram o Colo Norte, a 6.700 metros de altitude, às 11h30min do dia 24 de setembro de 1921.

Mallory queria continuar, hipnotizado pelo desafio, mas os outros estavam cansados demais para acompanhá-lo. Além disso, uma tempestade os obrigou a regressarem ao Acampamento-base. Estava quebrado o tabu da montanha intocável.

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